ARTE COM CRIANÇAS e ADOLESCENTES NO CURSO DE VERÃO: Sabores temperados de fra-ternura solidária



É verão, bom sinal, já é tempo... (Roupa Nova)

Estação propícia das relações. Tem muito calor... Estação fecunda do amor. Tem muitos frutos da convivência dialogal e criativa... Janeiro, se aproxima, lá vem, lá vem... Eh, eh, eh,eh...
Quanta alegria, possui estes dias. Unidade na diversidade, comunhão, educadores animados, às vezes acanhados, mas sempre atentos e muito ansiosos pela experiência, pela troca, pela partilha, dias de conflito.
Histórias que se encontram e se misturam na trama do mutirão, redes que se entrelaçam na aventura da construção, cheiros que exalam perfumes de justiça, sabores que temperam e acolhem desejo e sedução, formação e união, ação e educação.
A educação no Brasil, ainda menina, dá passos rumo ao ensino de qualidade, mas sem perder de vista o pensamento de Paulo Freire, sonhamos com uma educação viável, com utopia e rebeldia solidária, de ação cultural para a liberdade. Buscamos janelas para a infância e suas fragilidades, onde apostas pedagógicas vão além de meras transmissões de conhecimento, para que novas relações sejam tecidas no díalogo criativo e regadas por um ohar da sensibilidade e da escuta.
Educadoras e educadores, desanimados e cansados, correm o risco de serem apagadores de sonhos, reprodutores de insensibilidade e projetos fundamentalistas não-dialogais. Buscamos acender a lucidez do díalogo e da esperança, palavra com som renovador, clareira ao ser. Pensar a infância e suas dimensões brincantes permite uma formação humana do olhar, da escuta, da sensibilidade, da empatia. Recria o paraíso perdido nos campos da intolerância, com arte, poética, literatura, canções e muitas histórias plurais.
Uma equipe, monitores voluntários, educadores inseridos na realidade compartilham o ano inteiro vivências significativas às vezes saborosa, mas muitas vezes amargas, porém constróem a cada encontro possibilidades do fazer educativo, impelidos pela educação popular e os desafios da utopia solidária, ecumênica e transformadora. Além do empenho e da formação profissional (as competências), há a preoucupação com a linguagem, de como os recursos da arte, chão de trabalho de cada um, ressignifique a problemática da infância e da adolescência e suas violações (sensibilidade solidária). Os saberes do corpo, da palavra, da experiência adquirida permite que o conteúdo, a pedagogia de direitos, a infância e sua poética contribua para a construção do saber coletivo, por isso a importância dos 'Espaços de criatividade' (antigas oficinas), para ajudar os educadores a reproduzir e multiplicar as vivências experimentadas. No encontro, relações, espiritualidades, histórias, tradições, práticas educativas são místicas fecundas de vivências estético-pedagógicas que apostam no 'Outro Mundo Possível', de crianças brincando na praça, adolescentes sorrindo com graça, sacramentos vivo da cidade justa.

OBJETIVOS DA ARTE COM CRIANÇAS
Vivenciar pedagogicamente a vida em construção, com suas belezas e desafios. Buscar com crianças e adolescentes um novo mundo possível com paz, justiça, ternura solidária, num ambiente ecologicamente sustentável, inter religioso e criativo. Experimentar e apontar para o que ainda não foi bem inventado: Uma pedagogia da terra, uma pedagogia da ternura, uma pedagogia da solidariedade, uma pedagogia da presença, uma pedagogia do desejo, da esperança... Uma pedagogia de direitos, da dignidade, da participação, do protagonismo... Construir uma comunicação libertadora, onde crianças e adolescentes, comunidades, movimentos, educadoras e educadores sejam protagonistas da expressão criativa da vida, da cultura, da integridade da criação e das possibilidades humanas, por um Outro Mundo possivel

                                                                                                                      João Mario Sales da Silva